segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Público.

Era um simples pedido, um beijo. Um pedido um tanto comum vindo dela, teoricamente simples, já que era só mais um entre tantos. O problema é que existem coisas que só fazemos quando ninguém nos vê fazendo. Ou que só podemos fazer quando ninguém pode nos ver. Não era essa a situação.
Estávamos bem expostas, isso me incomodava. Ela já estava fechando a cara para minha “não-reação”. Mas o que eu podia fazer? Ela me deixou estática com um pedido em tal situação, era tentador, mas eu não podia.
Aquela fragrância alucinógena do seu perfume me fazia desejar agir tanto quanto ela queria que eu agisse. Mas quando eu olhava ao redor e via a festa cheia de gente que estava rolando... Pensava em como seria depois, olhares curiosos, comentários nada agradáveis... Complicado.
O que é que eu to falando? Era só um beijo? Que mal havia? No final era a mesma coisa independente se haviam pessoas no local ou não, ia ser boca na boca, boca na língua, língua na boca, língua na língua... Um simples e inofensivo beijo de língua entre duas pessoas que se gostam.
Não, esse medo não era vergonha de eu, menina, estar beijando outra garota. Eu não tenho vergonha do que sou, nem de que saibam quem eu sou. Tenho medo da repressão. Porquê? Por que dentre uma festa onde haviam  vários outros casais demonstrando seu afeto eu me mantinha fria?
Acho que o que me acovardava eram aqueles rostos ébrios ao redor. Não que eu ligasse para o que os outros pensam, mas... Não gosto de ser incomodada nem de incomodar. Mas por que isso seria incomodo para alguém? Afinal tinham tantos outros casais se beijando na pista de dança...
Acho que o empecilho de verdade nesse caso, não era vergonha do que sou, nem medo de ser inconveniente. O único medo que me persegue é dos rótulos e retaliações. Eu não estaria desrespeitando ninguém ao puxar a minha morena e lhe dar aquele beijo. Mas eu sabia que não respeitariam a minha liberdade de expressar meu amor, pelo simples fato de ser um amor diferente.
Olhei para a minha morena, já emburrada comigo, sorri e dei-lhe um beijo na bochecha. A levei para um lugar mais sossegado, onde não havia olhares maliciosos nem línguas afiadas. Somente nossas línguas se comunicando e fazendo amor.

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