quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mesmo assim eu disse sim.

Não queria que chegasse ao fim,
Mas enfim entendi
Que desse jeito assim
Era melhor não ouvir um sim.
Que não ouvir o mais obvio não.
Eu nao abri a mão
Mas como mágica
O pássaro que eu tentava prender
Se soltou, mas fez valer
O que eu acabei por dizer.
E mesmo sem querer
Me fez ver
O sol nascer diferente.
No meio do mar
Em pleno sol poente.

domingo, 26 de agosto de 2012

Do jeito que Murphy gosta.

Hoje eu acordei e percebi
Que talvez, amanhã, eu acorde
E descubra que sou imortal.
Só pelo fato de que hoje não vejo
Mais graça nenhuma na vida

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Faxina

Ela corria pela casa gritando. Estava tudo fora de ordem. a mesa caída de lado, papeis jogados por todos os cômodos, vasos e enfeites estilhaçados por todo o lugar. Ela corria jogando os cds como se fossem bumerangues, enquanto repetia aos berros como um mantra em versão heavy metal:

_TENHO QUE ARRUMAR ESSA BAGUNÇA!

Ela gritava enquanto bagunçava cada vez mais o lugar.

Correndo para o quarto, ela rasgava as roupas ante de espalha-las pelo local. Sapatos iam sendo arremessados pela janela. No banheiro a água já começava a transbordar pela pia e pelo box, que tiveram seus ralos tapados. Ela continuava seu mantra e correndo até a área de lavar foi lançando sabão em pó e alvejante por onde ela ia. Chegando na varanda encontrou uma planta , que sem parcimônia, retirou do vaso e saiu tacando terra para todos os lados.

Foi correndo até a cozinha. Abriu  a geladeira. Potes com restos de comida foram abertos e jogados para cima. Feijão, arroz, picadinho de carne, yakissoba, molho de tomate, até um pedaço de pizza velha foi lançado pelo ar. Depois os ovos se quebraram pelas paredes. O suco, a água e o leite foram despejados em cima do microondas,fogão, torradeira...

Era como uma máquina de destruição em massa. A casa aos poucos era um lugar impossível de se reconhecer e quando se achava que não havia mais nada para bagunçar, lá vinha um quadro abaixo, gaveta pra fora, talheres e pratos voadores... Ela não descansou nem um segundo e sua garganta não parou nem um instante até que a casa estivesse completamente revirada.

Quando não restou mais nada em seu devido lugar, ela sentou exatamente no local onde estava. Respirou fundo, levou às mãos à cabeça e suspirou. Levantou-se devagar, foi saindo para a varanda, pegou um cigarro amassado no bolso e fumou vagarosamente sorrindo.

Estava tudo arrumado agora.
Tudo ia ficar bem.

Felicidade

Já parou pra pensar no que é ser feliz?

Tem gente que diz que é amar. Tem gente que diz que é viver. Há quem diga que é não sofrer. Tem aqueles que acreditam que só seremos felizes transformando a sociedade. Tem outros que acham que podem comprá-la. Tem aqueles que acham que isso só existe em outra vida. Ou que dizem que só encontrando deus se encontra a felicidade plena.

Nessas horas eu queria acreditar em deus. Pelo menos assim eu acreditaria que está tudo bem em não ter menor ânimo nessa vida. Existiria outra vida onde seria tudo lindo e belo. Entendo porque as pessoas se aprisionam nas igrejas e obedecem cegamente todos aqueles dogmas. A promessa da felicidade eterna é completamente atraente. É muito melhor ver um futuro perfeito, inexistente, que ver um caos, real e recorrente.

Pena que assim como a vida, nossos momentos de alegria são sempre passageiros. Pena que eu não consiga ter essa esperança divina que me proporcionaria um minimo de conforto. Pena que eu nem queira ser rica para ver se um Porsche, um iate e muitas mulheres possam me dar felicidade. Pena que eu já tenha pouca fé até na humanidade, para crer em revolução social.

A alegria só serve para piorar isso tudo. Tem momentos em que penso em desistir de tudo. Dai vem aquele momento, que acende uma pequena fagulha de esperança. Daí tão rápido se apaga e deixa só aquela mágoa que dói. E a tristeza sempre aumenta a cada nova frustração.

A vida é uma droga viciante.

E o pior disso é que nem desistir dela eu quero. Nem a morte me é um conforto. Nem covarde eu sei ser.

Afinal por quer ser? Porque nascer?


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Bipolar

Ela me diz
Que eu quero vencer pelo cansaço.
Mas quem ta vencida sou eu.
Eu só pedi
pra ela me dar mais um abraço
Ela fugiu de novo e não deu..

Cheia de manha me liga
Diz que eu ando sumida
Eu apareço e ela se manda da minha vida.
Se eu ligo ela desliga
Finge que me ignora
Se eu dou o troco ela chora e vai embora.

Depois quem ta fazendo a louca?
Sou eu!
Depois quem detonou a historia?
Fui eu!
Eu sou liberal
Mas quero um porto seguro
Eu sou radical
Mas assim, amor eu juro,
Não dá pra aguentar
Eu só queria te abraçar.

Ela vive dizendo
Que eu sou mulher de fases.
Briga comigo, depois liga e faz as pazes.
Ela sussurra no ouvido
querendo me provocar
Eu vou em cima e ela se faz de bipolar.

Se to na festa e puxo
Ela pra dançar
Ela berra pra eu parar de sufocar.
Mas se eu entro na roda
E balanço o esqueleto
Ela entra em crise e já sai mostrando o dedo.

Depois quem ta fazendo a louca?
Sou eu!
Depois quem detonou a historia?
Fui eu!
Eu sou liberal
Mas quero um porto seguro
Eu sou radical
Mas assim, amor eu juro,
Não dá pra aguentar
Eu só queria te abraçar.

Y e Y

Ele não olha de volta.
Usa a malícia e me sufoca.
Terno, ele me ignora
E logo depois
Arranca-me outro beijo,
Me enche de desejo e
Outra vez, tudo acabou.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Quem acredita?

As vezes, olhando pro tempo, e vendo tudo que aconteceu. Lembrando de cada detalhe. Pensando nos desencontros. Porque alguém acreditaria?
Eu quero uma menina, mas essa menina não quer nada. Ou quem sabe quer, mas prefere não dizer pra não me deixar magoada. Ai me vem outra garota e me diz que me quer. Eu me esforço eu tento querer... Mas não consigo.Qual a probabilidade de querermos e sermos queridos por quem queremos?
All you need is love. Mas onde se acha esse negócio? Só não digo que é mito pois creio que aquele aperto no peito, que dá só de pensar que a menina que quero nem liga pra mim, pode ser o tal do amor.
Mas cadê a reciprocidade? Cadê essa reciprocidade durando para o sempre?
Todos sabem que amor eterno não existe, mas o que todos esperam é que exista. É como o desejo por ser imortal. É impossível mas todos já tiveram esse sentimento alguma vez na vida... Tudo bem, talvez um suicida não. Mas a maioria das pessoas já.
Talvez se simplesmente não existisse a palavra amor, fossemos mais felizes. Sem expectativas nos deliciaríamos nos momentos de prazer a dois... Ou a três  quatro, seis... Não teríamos o remorso, a culpa. Nem o medo ou a desilusão. Seria só a paixão sem sonhos tolos.  O não seria bem menos desagradável de se ouvir. E o sim não criaria um milhão de expectativas a serem frustradas.
Quem acredita no amor? Quem acredita que amar nos torna seres mais felizes. Lembre do seu momento mais infeliz. Duvido que ele não tenha nenhuma ligação com o amor.
O amor é o que dói. As pessoas são maravilhosas, descobri-las é maravilhoso. Ama-las... Isso é o que te faz sofrer. Tem gente que diz que a infelicidade só existe porque somos desiguais nessa sociedade. Mas se pararmos para pensar qual é a unica coisa que faz um rico sofrer? Doença e amor. Ou a falta de amor. A questão é: Se não nos amam, sofremos. Se amam fazemos sofrer. Se amamos e nos amam em algum momento ambos vão sofrer.
Sem amor teríamos menos sofrimento.
Mas enquanto amamos, só nos resta desacreditar e desiludir desse turbilhão que nos afoga com os ímpetos mais naturais, aos desejos mais irreais. O amor é psicológico. O inventamos para ter algo para conquistar. E esse algo não é como uma casa, ou um diploma, que você consegue e tem pelo resto da vida. É uma conquista que tem de ser feita todos os dias.
O amor é só algo que criamos para nos livrar do tédio. E agora esse monstro que criamos se apodera de nossa alma, nos mutila e destrói pouco a pouco. Até nos sentirmos ocos. Ou até ficarmos loucos. Ou até preferirmos morrer para nos livrar dele... Ou matar.
Nós devemos desacreditar nesse sentimento, para nos resguardar. Mesmo sendo infeliz sem o amor, talvez fossemos menos triste.