terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Gabriela

Eu sabia que jamais poderia chamá-la de meu amor.
Sabia que não deveria nunca ter tomado-a em meus braços.
Nunca deveria ter lhe dado carinhos além de abraços.
Nunca deveria ter a olhado com malícia.
Nunca poderia ter aceitado suas carícias
Nem suas palavras de paixão.
Não podia ter lhe entregue o meu coração.
Mas o que eu posso fazer?
Ela também me entregou o dela.
Quando me beijou na capela.
Debaixo do altar
Aonde ninguém ia nos procurar
Onde a gente podia se amar.
Lembro-me como se fosse ontem.
Foi em uma noite sem lua.
Ela estava em minha cama, completamente nua.
Alguém nos viu trocar carícias.
Alguém achou aquilo mau.
Mamãe me disse: a culpa é sua.
Cometi um pecado, fiz algo imoral.
Pelo menos é o que ouvi na eucaristia.
Dizem que o que fiz, foi um ato carnal.
Queria ter uma caixa vazia.
No lugar do coração.
Quem sabe assim eu me arrependia
E conseguia meu perdão
Mas do que me adianta a redenção?
Se eu não posso mais tocar aquela pele cor de canela?
Do que adianta nos céus ir viver
Se simplesmente não posso ter ela.
Às vezes me acho insana, impura.
Mas o que posso fazer?
Amor não tem cura.
Quem se ama, não é algo que podemos escolher.
Simplesmente sentimos um frio na barriga...
Assim como eu senti por ela.
O seu nome? Gabriela
Minha irmã, minha amiga.
Porque não minha namorada?
Porque não minha querida?
Seria uma relação predestinada a ser desastrada?
Ou seria simples se não fosse os caprichos humanos?
Não sei, nem viverei para saber.
Tenho outros planos.
Eu quero e vou renascer.
Por isso agora eu encontro a morte.
Para em outra vida, poder ter ela
Minha morena, cor de canela.
Minha eterna amante Gabriela.

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