quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Faxina

Ela corria pela casa gritando. Estava tudo fora de ordem. a mesa caída de lado, papeis jogados por todos os cômodos, vasos e enfeites estilhaçados por todo o lugar. Ela corria jogando os cds como se fossem bumerangues, enquanto repetia aos berros como um mantra em versão heavy metal:

_TENHO QUE ARRUMAR ESSA BAGUNÇA!

Ela gritava enquanto bagunçava cada vez mais o lugar.

Correndo para o quarto, ela rasgava as roupas ante de espalha-las pelo local. Sapatos iam sendo arremessados pela janela. No banheiro a água já começava a transbordar pela pia e pelo box, que tiveram seus ralos tapados. Ela continuava seu mantra e correndo até a área de lavar foi lançando sabão em pó e alvejante por onde ela ia. Chegando na varanda encontrou uma planta , que sem parcimônia, retirou do vaso e saiu tacando terra para todos os lados.

Foi correndo até a cozinha. Abriu  a geladeira. Potes com restos de comida foram abertos e jogados para cima. Feijão, arroz, picadinho de carne, yakissoba, molho de tomate, até um pedaço de pizza velha foi lançado pelo ar. Depois os ovos se quebraram pelas paredes. O suco, a água e o leite foram despejados em cima do microondas,fogão, torradeira...

Era como uma máquina de destruição em massa. A casa aos poucos era um lugar impossível de se reconhecer e quando se achava que não havia mais nada para bagunçar, lá vinha um quadro abaixo, gaveta pra fora, talheres e pratos voadores... Ela não descansou nem um segundo e sua garganta não parou nem um instante até que a casa estivesse completamente revirada.

Quando não restou mais nada em seu devido lugar, ela sentou exatamente no local onde estava. Respirou fundo, levou às mãos à cabeça e suspirou. Levantou-se devagar, foi saindo para a varanda, pegou um cigarro amassado no bolso e fumou vagarosamente sorrindo.

Estava tudo arrumado agora.
Tudo ia ficar bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário